domingo, dezembro 31, 2006

retira-te





as horas atropelam-se velozes

abrem-se portas e janelas…


quero que partas sem deixar rasto,

sem olhares para trás.


envelheceste duro de gestos,

amargo nas palavras

disperso na memória

fugitivo de um corpo, com mágoa

afogado em melancolias,

misterioso, no silêncio da morte

doutras pegadas perdidas


deixa o tempo evaporar a tua visão

na perene memória da ostentação.

acorda fora de ti

esquece o segredo da vida

dilui-te na loucura dos sonhos.

prende esse olhar, às horas impossíveis,

gasta-te na noite crepuscular


o receio de não encontrar um diferente

ficará oculto!



l.maltez

sexta-feira, dezembro 15, 2006

silêncio




bate à porta o silêncio, mando-o entrar,
nas paredes, as sombras reflectidas por um candeeiro de mesa, tomam cor. arrepio-me, sinto frio. cinzento, o silêncio senta-se ao meu lado, segura as minhas mãos gélidas e roxas, sente o meu medo e acaricia-me.
descubro nas sombras, um rosto delineado, parece-me o teu, com os olhos cheios de brilho, num tom esverdeado.
és tu o silêncio!
o silêncio que escuto e me abraça.
irrompem no meu corpo palavras tuas, misturadas com o tiritar do frio que há dentro de mim.
entramos no nevoeiro dos sonhos, eu e o silêncio, de mãos dadas perseguimos um rasto de luz, construído de objectos de um tempo que cresce.
procuro esse tempo, a luz do teu olhar mostra-mo murcho, disforme e carregado de sentires. flutuamos unidos, no crepúsculo embriagado das noites de ninguém. pressenti nos teus gestos o quanto amei e embalamo-nos a dor sem medo de nos destruirmos.

fico para sempre ligada ao silêncio como um pacto de sangue, alimentamo-nos de secretos desejos.


l.maltez

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...